Quando queremos que alguma coisa
fique ancorada à nossa vida,
fazemos de tudo para mantê-la presa à nós.
Criamos laços e os apertamos com todo nosso coração.
Os nós fazem parte de nós.
Infelizmente, nem tudo o que
se apega a nós é bom e útil.
Se prezamos ter laços afetivos e
pedaços de memórias agarradas
definitivamente à nossa pele,
há aqueles nós que se apegam sem
que nossa permissão seja pedida e
sem que tenhamos forças para desatá-los.
Esses nos acompanham e nos adoecem.
Viver com nós na garganta,
que não descem e nem saem,
nos deixa deficientes.
Avançamos em algumas outras coisas,
mas o não resolvido fica,
como um espinho na carne.
Aquilo que não conseguimos engolir é
o perdão que não conseguimos oferecer,
é o esclarecimento que nunca nos foi dado,
são os porquês nunca respondidos.
A gente caminha, mas sente que algo ficou pra
trás e muitas das dores de garganta que
não conseguimos curar são emoções presas
das quais não soubemos nos livrar.
O que fica atravessado diante de nós é
o peso que carregamos por vezes por anos e anos.
O dia bendito em que conseguimos colocar
em palavras e lágrimas aquilo que nos ofendeu,
entrou em nós e ficou,
o sol desponta no horizonte
como se fosse seu primeiro dia.
Ah, Deus, se tivéssemos sempre a
coragem de abrir nosso coração e
gritar nossa mágoa,
quão mais leves e sãos poderíamos viver!
Por que esse medo de expôr o que nos desagrada?
Por que temer ferir o outro quando estamos,
nós mesmos e inteiramente,
sangrando?
Por que a felicidade alheia,
se felicidade alheia há,
é mais importante que a nossa?
Grande parte dos nossos problemas,
das nossas doenças até físicas,
são falta de comunicação.
Por que não dizemos,
não passamos ao outro o que sentimos,
não falamos do sentimento de injustiça
que sentimos e do quanto isso nos abala.
Falar é importante.
No bom momento, claro,
que com sabedoria deve ser escolhido,
mas é muito importante.
O que não dizemos, o outro não é
obrigado a adivinhar e isso nunca podemos cobrar.
Os nós não resolvidos atam nossa vida a um certo momento.
Não crescemos como convém e
mesmo nosso riso é sempre manchado por
uma pinta de tristeza que traduz nosso olhar.
Quando sentiu que tinha que se revoltar no Templo,
Jesus se revoltou,
nenhuma palavra poupou;
quando a dor e tristeza foram
grandes demais no seu seio,
Ele chorou; quando o cálice
tornou-se por demais amargo,
falou com o Pai...
A liberdade só nos chega quando liberamos nosso ser,
quando oferecemos ao outro o direito de ouvir,
perdoamos o que deve ser
perdoado e aceitamos o que deve ser aceitado.
Se criamos a coragem de desatar,
devagar, certo, mas desatar,
um a um os laços que nos incomodam,
liberamos uma a uma as ansiedades,
os males que nos doem física e psicologicamente.
Nessas horas nosso coração bate de maneira diferente,
respiramos mais ar puro e nossos olhos
se abrem para novos horizontes.
Só um pequeno passo,
um muito de coragem e uma nova vida pode começar.
Letícia Thompson
webmaster@leticiathompson.net
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
10 comentários :
Olá, Evanir
Gostei imenso deste texto; aliás, como penso que já lhe disse, gosto muito de Letícia Thompson.
A «Casa da Mariquinhas» festeja hoje o seu 3º.aniversário e oferece um selinho aos seus visitantes.
Dás-me o prazer de ir buscá-lo?
Boa semana. Beijinhos
PS - Faço questão de que vá lá :)
Não conhecia a autora. (só por isso já veleu ler)
É um texto que dá pano para mangas...
Todos nõs temos laços que nos prendem e nos unem...
Temos que saber geri-los...É isso a nossa liberdade:)
Minha querida
Um texto muito belo e dá para muita reflecção, adorei ler.
Beijinho com carinho
Sonhadora
Oi, Evanir, esse video de Everson está excelente.
E quanto aos nós, em nós, temos muitos. Recentemente tentei escrever algo, e ainda não consegui.Porque é uma tema que me chama a atenção.
Porém Letícia sempre consegue desenvolver bem os temas.
beijo
Eu viajei neste teu texto. Muito boa a forma que ele foi expressado.
Olá Eva!!
Passando para desejar um inicio de semana abençoada!
Te amo!
Vini.
Olá minha querida,adorei o texto.
Bjs
Há que organizar as nossas gavetas interiores e mantê-las semi abertas.
Grande abraço.
Amor é quando as pessoas reais, que o amor dá sem pedir
dá porque ama e quer o bem do amado
Só este amor pode dar liberdade
liberdade de ser e não ser possuído
posse é a morte do Amor e da Liberdade
Eu amo o Amor ea Liberdade
Eu gosto do seu blog
uma saudação calorosa
minu
Postar um comentário