segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

OA NÒS E NÒS

Quando queremos que alguma coisa
 fique ancorada à nossa vida,
fazemos de tudo para mantê-la presa à nós.
 Criamos laços e os apertamos com todo nosso coração.
Os nós fazem parte de nós.
Infelizmente, nem tudo o que
 se apega a nós é bom e útil.
Se prezamos ter laços afetivos e
pedaços de memórias agarradas
definitivamente à nossa pele,
há aqueles nós que se apegam sem
 que nossa permissão seja pedida e
 sem que tenhamos forças para desatá-los.
Esses nos acompanham e nos adoecem.
Viver com nós na garganta,
 que não descem e nem saem,
 nos deixa deficientes.
 Avançamos em algumas outras coisas,
 mas o não resolvido fica,
como um espinho na carne.
Aquilo que não conseguimos engolir é
o perdão que não conseguimos oferecer,
é o esclarecimento que nunca nos foi dado,
 são os porquês nunca respondidos.
A gente caminha, mas sente que algo ficou pra
 trás e muitas das dores de garganta que
 não conseguimos curar são emoções presas
das quais não soubemos nos livrar.
 O que fica atravessado diante de nós é
 o peso que carregamos por vezes por anos e anos.
O dia bendito em que conseguimos colocar
em palavras e lágrimas aquilo que nos ofendeu,
entrou em nós e ficou,
 o sol desponta no horizonte
como se fosse seu primeiro dia.
Ah, Deus, se tivéssemos sempre a
coragem de abrir nosso coração e
 gritar nossa mágoa,
 quão mais leves e sãos poderíamos viver!
Por que esse medo de expôr o que nos desagrada?
 Por que temer ferir o outro quando estamos,
 nós mesmos e inteiramente,
sangrando?
 Por que a felicidade alheia,
 se felicidade alheia há,
 é mais importante que a nossa?
Grande parte dos nossos problemas,
das nossas doenças até físicas,
 são falta de comunicação.
 Por que não dizemos,
 não passamos ao outro o que sentimos,
 não falamos do sentimento de injustiça
 que sentimos e do quanto isso nos abala.
Falar é importante.
 No bom momento, claro,
que com sabedoria deve ser escolhido,
 mas é muito importante.
 O que não dizemos, o outro não é
obrigado a adivinhar e isso nunca podemos cobrar.
Os nós não resolvidos atam nossa vida a um certo momento.
 Não crescemos como convém e
 mesmo nosso riso é sempre manchado por
 uma pinta de tristeza que traduz nosso olhar.
Quando sentiu que tinha que se revoltar no Templo,
 Jesus se revoltou,
 nenhuma palavra poupou;
 quando a dor e tristeza foram
 grandes demais no seu seio,
 Ele chorou; quando o cálice
 tornou-se por demais amargo,
 falou com o Pai...
A liberdade só nos chega quando liberamos nosso ser,
 quando oferecemos ao outro o direito de ouvir,
 perdoamos o que deve ser
 perdoado e aceitamos o que deve ser aceitado.
Se criamos a coragem de desatar,
 devagar, certo, mas desatar,
um a um os laços que nos incomodam,
 liberamos uma a uma as ansiedades,
os males que nos doem física e psicologicamente.
Nessas horas nosso coração bate de maneira diferente,
 respiramos mais ar puro e nossos olhos
 se abrem para novos horizontes.
 Só um pequeno passo,
 um muito de coragem e uma nova vida pode começar.
Letícia Thompson
webmaster@leticiathompson.net

10 comentários :

Mariazita disse...

Olá, Evanir
Gostei imenso deste texto; aliás, como penso que já lhe disse, gosto muito de Letícia Thompson.

A «Casa da Mariquinhas» festeja hoje o seu 3º.aniversário e oferece um selinho aos seus visitantes.
Dás-me o prazer de ir buscá-lo?

Boa semana. Beijinhos
PS - Faço questão de que vá lá :)

M. disse...

Não conhecia a autora. (só por isso já veleu ler)

É um texto que dá pano para mangas...

Todos nõs temos laços que nos prendem e nos unem...

Temos que saber geri-los...É isso a nossa liberdade:)

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Um texto muito belo e dá para muita reflecção, adorei ler.

Beijinho com carinho
Sonhadora

Paula Barros disse...

Oi, Evanir, esse video de Everson está excelente.

E quanto aos nós, em nós, temos muitos. Recentemente tentei escrever algo, e ainda não consegui.Porque é uma tema que me chama a atenção.
Porém Letícia sempre consegue desenvolver bem os temas.
beijo

Jasanf disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jasanf disse...

Eu viajei neste teu texto. Muito boa a forma que ele foi expressado.

Vinicius Carvalho disse...

Olá Eva!!

Passando para desejar um inicio de semana abençoada!

Te amo!

Vini.

Eliana disse...

Olá minha querida,adorei o texto.
Bjs

P. P. disse...

Há que organizar as nossas gavetas interiores e mantê-las semi abertas.

Grande abraço.

Marisa disse...

Amor é quando as pessoas reais, que o amor dá sem pedir
dá porque ama e quer o bem do amado
Só este amor pode dar liberdade
liberdade de ser e não ser possuído
posse é a morte do Amor e da Liberdade
Eu amo o Amor ea Liberdade
Eu gosto do seu blog
uma saudação calorosa
minu

 
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